A avaliação do casal infértil, é indicada nos casos de infertilidade conjugal, quando é identificada a impossibilidade de um casal conceber após um ano de relações sexuais distribuídas ao longo do ciclo menstrual da mulher, sem medidas contraceptivas.
Cerca de 50% dos casos de infertilidade, deve-se a fatores masculinos e aproximadamente 50% a fatores femininos.
Fatores de Infertilidade nos Homens
O fator de infertilidade masculino pode ser dividido em várias categorias. A varicocele (varizes escrotais) é a causa mais frequentemente identificável dos fatores masculinos de infertilidade. Apesar de estarem presentes em cerca de 20% da população geral, as varicoceles são encontradas em aproximadamente 40% dos homens com fatores masculinos de infertilidade.
Outras causas incluem azoospermia não obstrutiva como fatores genéticos, uso de esteróides anabolizantes. Podemos citar as azoospermias obstrutivas como vasectomia ou agenesia bilateral de deferentes como outros fatores para infertilidade masculina.
Problemas ejaculatórios como ejaculação retrógrada pós RTU de próstata ou diabetes mellitus também são causas de infertilidade masculina.
Fatores de Infertilidade nas Mulheres
A infertilidade feminina pode ser dividida em três grupos, sendo fatores ovulatórios, fator tubário e endometriose.
Por alterações hormonais, a mulher pode ter períodos sem menstruação (amenorreia). Lembrar que 80% dos ciclos menstruais regulares são ovulatórios. Na presença de ciclos menstruais regulares, a mulher pode não ovular (20% das vezes), pode ovular ovócitos imaturos ou ovócitos com alterações morfológicas e/ou genéticas. Vários distúrbios hormonais contribuem para a disfunção ovulatória, como o excesso de prolactina, dos androgênios (ovários policísticos) ou de hormônios tireoidianos.
Nos casos mais graves pode ocorrer insuficiência ovariana prematura, situação em que o ovário deixa de produzir folículos (mulheres <35 anos).
A endometriose é também uma doença congênita, em que existem focos de endométrio (epitélio que reveste a cavidade uterina) espalhados em várias regiões do corpo (as zonas mais frequentes são os ovários, as trompas e a cavidade abdominal). Nesta doença, a mulher apresenta dor muito forte, antes da menstruação, durante a menstruação ou nas relações sexuais. Os focos ectópicos de endométrio surgem durante o desenvolvimento fetal.
Não se sabe se é de causa genética ou se está ligado a fatores tóxicos ambientais (ar, alimentos). A endometriose causa disfunção ovulatória porque os focos ectópicos respondem aos níveis hormonais como se fosse o endométrio uterino, desregulando o ovário. Por laparoscopia, estes focos podem ser destruídos por eletrocoagulação. No caso de cistos endometrióticos nos ovários (endométrio), deve-se efetuar exérese cirúrgica conservadora. Se tal não for possível e a doença for bilateral, deve-se poupar um dos ovários e tentar supressão com medicação usando análogos da GnRH até se conseguir o bebê.
A obstrução das trompas deve-se geralmente a uma infecção genital, que é assintomática. Por vezes, a infecção das trompas causa uma inflamação aguda (salpingite) seguida de dilatação das trompas (hidrossalpinge), o que obriga à sua remoção cirúrgica (salpingectomia) antes de um tratamento in vitro.
Cerca de 10% dos casos de infertilidade não apresentam alterações no sistema genital, mas ainda assim, são inférteis. Em muitos casos, existem anomalias genéticas dos ovócitos, para os quais não existem testes de detecção.
Avaliação do Casal Infértil: exames para diagnóstico da infertilidade
Na avaliação do casal infértil, será após levantamento do histórico de saúde, será definido quais exames solicitar para o homem e quais solicitar para a mulher.
EXAMES PARA AVALIAÇÃO DO HOMEM:
1.Espermograma:
ao buscar as causas da infertilidade conjugal, para a avaliação do homem é essencial a realização de um espermograma. Neste exame será possível avaliar a concentração, motilidade e a morfologia dos espermatozóides. Também, podem ser vistos, no espermograma quadros infecciosos, problemas de aumento de viscosidade do sêmen, alterações do Ph.
2.ultrassom doppler de bolsa testicular: é um exame complementar de grande importância, no qual podemos confirmar a presença de varicocele, avaliar o tamanho testicular, avaliar presença de cistos ou nódulos nos testículos e epidídimos.
3.Há casos, que também será necessário solicitar um perfil hormonal e uma avaliação genética.
EXAMES PARA AVALIAÇÃO DA MULHER:
1.Perfil hormonal: para ser colhido logo após iniciado a menstruação. Com estes exames conseguimos ter uma ideia da reserva ovariana da mulher.
2.Ultrassom transvaginal que deverá ser realizado no meio do ciclo menstrual para avaliar o endométrio e os ovários. Podemos observar a presença de pólipos na cavidade endometrial e a presença de folículos antrais na periferia dos ovários que dá uma ideia da reversa ovariana da mulher.
3.Histerossalpingografia que é o exame padrão ouro para avaliar as tubas uterinas. Conseguimos ver a delicadeza e o esvaziamento das tubas durante o exame.
4.Testes imunológicos e exames de trombofilias, podem ser necessários posteriormente, em casos de perdas gestacionais de repetição.
É importante ressaltar que frequentemente, alterações nos óvulos só se descobrem durante um tratamento de fertilização in vitro, momento em que é possível observar:
_os ovócitos no laboratório;
_ a fecundação do óvulo pelo espermatozóide;
_desenvolvimento embrionário, ainda antes da transferência para o útero da mulher.
No laboratório de fertilização in vitro podemos observar diversos eventos como:
-incapacidade de fecundação,
-parada do desenvolvimento embrionário,
-perda da qualidade embrionária no decorrer dos dias de desenvolvimento embrionário,
-falhas da implantação e abortamentos de repetição.
A avaliação do casal infértil é fundamental para o diagnóstico assertivo e o tratamento específico do caso.
Dr. Claudio é Urologista e Especialista em Infertilidade e Reprodução Humana
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